domingo, junho 24, 2007

Considerando Justa Toda Forma De Amor

"Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos." O Pequeno Príncipe


O mês de junho está acabando, levando com ele todas as festas juninas, todas as simpatias e promessas piéguas e também todo aquele ar de romantismo, a áurea romântica comercial. Porque pra mim, o romantismo pode aparecer em qualquer fase do ano, no frio ou no calor. Mas é neste mês que tudo parece ficar mais a flor da pele, e pra quem está solteiro, os sentimentos mais negativos surgem juntos, mas isso é irrelevante neste momento.
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Considero justa toda forma de amor, considero aceitável, considero magnífica, bonita. O amor é inspiração, é expiração, é fome, sede, é o ato de saciar ou se sentir saciado. O amor pela profissão, o amor de pai e mãe, o amor de infância, o amor adolescente, o amor jovial, e o amor na terceira idade. Minha mãe não concorda comigo. Pra ela, o amor quando fica doentio deixa de ser amor. Pra mim não. O amor doentio também é amor, amor demasiado, amor exagerado. Cazuza explica:
"(...)Eu nunca mais vou respirar
Se você não me notar
Eu posso até morrer de fome
Se você não me amar(...)"
Este ano, existe um casal que pode representar bem este mês. Não direi seus nomes de verdade, respeitarei a privacidade destes que são um exemplo (ou não) de um relacionamento quase mágico, difícil de imaginar e acreditar. Mas eles podem muito bem serem chamados de Eduardo e Mônica, e quem conhece a música, de cara já consegue entender a nuance da situação.
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Se conheceram por uma incrível coincidência (Deus, cupido e os anjos discordam), quando o tal cara sentou ao lado da tal garota na sala de aula, na faculdade. Ele não prestou tanta atenção, homens são, geralmente, insensíveis a"momentos". Ela, já o tinha visto na escadaria, e por um instante, acreditou em amor à primeira vista. Iniciaram uma amizade, e pouco a pouco foram se conhecendo, se interligando. Foram a shows juntos e outros eventos, e não demorou muito para que o primeiro beijo acontecesse. Começaram a namorar, conheceram as famílias um do outro; ela apaixonada, ele, difícil de ser compreendido. Ela o ensinou a demonstrar as emoções, ele aprendeu que amor é fruto do cotidiano, cresce a cada dia, é dedicação, é doação. Os dois, enfim, estavam na mesma linha, na mesma sintonia:
"(...)Hoje preciso de você
Com qualquer humor, com qualquer sorriso
Hoje só tua presença
Vai me deixar feliz
Só hoje(...)"
O noivado aconteceu, tudo como mandam os tais "bons costumes". A mão dela foi pedida ao pai, os pais dele foram comunicados. Eles já tinham amigos em comum, a comemoração foi geral. Depois de um tempo, o casamento aconteceu, como que num conto de fadas. Ele nunca foi um sapo, mas de certa forma, ela precisou salvá-lo. Salvá-lo talvez, de não mais se sentir apaixonado. Salvar o coração dele, fazê-lo ser o príncipe que ela já vira, desde o início. Ela diz amá-lo em todos os momentos; ele diz que aprendeu a relevar, e que o amor o transformou, levando-o a agir diferente, pensando em ambos, e não só nele:
"(...)Eu tomaria banho gelado no inverno
Eu mudaria até o meu nome
Eu viveria em greve de fome
Desejaria todo o dia a mesma mulher
Por você, por você(...)"
Casados há mais de 2 anos, eles ainda estão aprendendo a lidar com as manias e personalidade de cada um, e principalmente com as dificuldades do relacionamento mais maduro. São pra mim a prova de que o amor que o amor tão sonhado, mesmo pra quem finge não querê-lo, ainda pode existir. Por isso, escolho pra eles, e pra simbolizar esse mês dos namorados, uma canção que retrata um relacionamento estável, mas que cresce com a instabilidade da vida. Uma linda e simples canção de amor:
O Mundo Anda Tão Complicado
Legião Urbana

Gosto de ver você dormir
Que nem criança com a boca aberta
O telefone chega sexta-feira
Aperto o passo por causa da garoa
Me empresta um par de meias
A gente chega na sessão das dez
Hoje eu acordo ao meio-dia
Amanhã é a sua vez
Vem cá, meu bem, que é bom lhe ver
O mundo anda tão complicado
Que hoje eu quero fazer tudo por você.
Temos que consertar o despertador
E separar todas as ferramentas
Que a mudança grande chegou
Com o fogão e a geladeira e a televisão
Não precisamos dormir no chão
Até que é bom, mas a cama chegou na terça
E na quinta chegou o som
Sempre faço mil coisas ao mesmo tempo
E até que é fácil acostumar-se com meu jeito
Agora que temos nossa casa é a chave que sempre esqueço
Vamos chamar nossos amigos
A gente faz uma feijoada
Esquece um pouco do trabalho
E fica de bate-papo
Temos a semana inteira pela frente
Você me conta como foi seu dia
E a gente diz um p'ro outro:
- Estou com sono, vamos dormir!
Vem cá, meu bem, que é bom lhe ver
O mundo anda tão complicado
Que hoje eu quero fazer tudo por você
Quero ouvir uma canção de amor
Que fale da minha situação
De quem deixou a segurança de seu mundo
Por amor
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Soltando bolhas de sabão ao som de: Preciso Dizer Que Te Amo - Cazuza
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PS: A história quase perfeita do casal mais fofo que eu conheço pode conter algumas mudanças, afinal, eu contei uma história, e quem conta uma história sempre modifica um pouco a trajetória. Mas de fato, o casal existe, eu os amo de paixão e se lessem este texto, morreriam de vergonha devida exagerada descrição.
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PS2: Prometo um post contrário a esse, mostrando o quanto o amor também faz sofrer. Mas não hoje, não neste mês. Porque eu ainda acredito no amor, e devo ser o "o último dos românticos" no núcleo humano, e mesmo considerando a tal data 12 de junho um enorme meio de ganhar dinheiro às custas de inocentes, quero desejar um feliz mês dos namorados pra todos.
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*** Lar é onde o meu coração está! ***

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