Alright, alright...
Sabe aquela frase, que alguém mais velho que você já deve ter dito, ou pelo menos alguém mais experiente: "para tudo existe uma primeira vez"? Acabei de crer, ela faz sentido.
Lembro-me de que, quando mais nova, escrevi um texto me referindo a trabalhos que eu jamais me prestaria ao papél. Trabalhos pré-estabelecidos, trabalhos monótonos, e principalmente, trabalhos onde eu não poderia exercer a minha imaginação, ficando presa a uma sala sem graça, em tom pastél, com pessoas acomodadas.
A minha visão radical e perspectivas de vida mudaram quando, vulgarmente dizendo, "a água bateu na bunda". Cedendo à pressão e ouvindo a voz da razão (ao menos uma vez) resolvi estudar e começar a prestar concursos públicos. Por inúmeras razões, como citei acima, resolvi agir ao contrário. Tudo o que achava que jamais faria, com relação a futuro e vida adulta, se prostaram diante de mim como estátuas ou fantasmas ironicamente visíveis. Na falta do que fazer, resolvi fazer algo. Ou melhor dizendo, na falta de explicação, resolvi mudar o leque de opções.
O mais interessante de testes, exames, provas e concursos, é que existe todo um ritual, toda uma preparação, e milhões de pessoas para darem conselhos; conselhos esses que independem de serem bons ou ruins. Para o concurso público não seria diferente, começando pelo ritual de inscrição.
Ao comparecer ao local de pagamento da inscrição, há um princípio de tensão ao olhar e perceber a quantidade de concorrentes e por assim dizer, a diversidade desses. São mulheres, homens, senhoras, adolescentes, adultos, desempregados, empregados, solteiros, viúvos... e eu poderia continuar por um longo tempo, listando esses indivíduos.
Passando a primeira etapa, a segunda é a não menos importante parte prática, ou melhor dizendo, a prestação de contas, quero dizer, prestação do concurso. Essa etapa é boa e ruim, triste e engraçada. Vai desde de conhecer o local da prava, conhecer a sala, analisar quem está na sala e receber o caderno de questões. Ai, posso ser questionada: mas por que motivo eu perderia meu tempo analisando tão fúteis situações? Pelo simples motivo de que não há nada a fazer enquanto o tempo dado entre a hora de sua chegada e a hora de começar a prova não passa. Para que você não fique mais tenso do que já provavelmente está, só lhe resta prestar atenção do que não deveria ser critério.
Por exemplo:
- quantas pessoas estranhas tem o mesmo nome que eu;
- quem será o primeiro descontrolado a pedir para ir ao banheiro;
- e essa "po%$#" de prova que não começa logo;
- eu cheguei cedo e cumpri o horário estipulado a toa.
Enquanto a sua mente viaja, o tempo passa e enfim, estando com o caderno de questões em mãos, é dado o início da prova. Essa é de fato a segunda etapa. A hora em que começamos a resolver as questões. Quer dizer, ler primeiro e perceber que tudo isso poderia ser respondido sem pensar muito, se não fosse um porém: quando os professores ensinavam português e matemática em sala, não era recomendável ficar contando piada, jogando truco ou dormindo. Então você se xinga e tenta resolver as questões. Claro, se você fez um cursinho para concurso, essa parte é pulada. Você já se xingou antes de pagar o primeiro mês de cursinho, porque se tivesse prestado atenção às aulas, não precisaria fazer o tal cursinho.
Após a queima de todos os neurônios anda existentes, a luta contra o xixi (se houver a coragem de persistir e não sair durante a prova) e a resolução das questões, a prova é entregue ao fiscal e desde já é iniciada a terceira etapa: a espera do gabarito. Saindo da sala já há o início das nóias e a percepção de alguns erros. Ao fim do dia, você já tem a plena certeza de ter errado tudo, até o que era certamente óbvio de ter acertado. A etapa três dura até o dia do lançamento do gabarito, que geralmente é divulgado de um a dois dias depois do dia da prova. Com o fim da etapa três, o alívio é inevitável, dando tudo errado ou não.
O mais interessante do concurso público é que deve ser uma das únicas ocasiões em que todos se encontram iguais. Tensos, levemente ou altamente inseguros e obviamente desesperados. Mas de fato, é uma experiência rara e de grande valia. Devo dizer que, independe de ter passado ou não, a cerveja tomada após a prova desceu ainda melhor, levando com elas, pelo menos por um tempo, todas neuroses deixados pelo tal concurso.
Fritando o cérebro ouvindo: Fábrica - Legião Urbana
Cenas do próximo capítulo...
E o próximo post será bem brega, cheio de clichês e confissões, porque o fato de eu estar proporcionalmente largada não impede que eu divague sobre o tal dia capitalista - o dia dos namorados- e me mostre como de fato sou, pelo metade ou inteira: romântica e incondicionalmente apaixonada. Uau... rss!
*** Lar é onde o meu coração está! ***
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