quarta-feira, janeiro 31, 2024

Volta como se não tivesse ido

 "Um fim de mar colore os horizontes."
                                                            Manoel de Barros

E é num 31 de janeiro, findando o primeiro mês do ano, que algo me retornou até aqui. Antes tarde do que nunca estou de volta ao espaço que do qual nunca teria ter saído. Mas pudera, eu não estive muito dentro de mim ultimamente. Foi entre buscas por especializações, exercícios de autoconhecimento e envio de currículos que veio na mente:  COMO ESTÁ O SEU BLOG E POR QUE VOCÊ NÃO ESCREVE MAIS NELE?

Na primeira busca, meio sem jeito, porque nem lembrava mais como adentrar esse mundinho aqui tomei um susto. Digitei errado o endereço (só percebi depois de um tempinho) e apareceu outro blog. Logo pensei, poxa, perdi tudo o que pensei durante um bom tempinho e nem tive tempo de decidir se gostaria de continuar ou não. Estava quase conformada, pouco quase inclusive. Mas daí me veio que ele ficava no blogger e puff, lá estava ele. 😍

Resolvi atualizar com um texto, pra não ter chance dele sumir de jeito nenhum. Não li nada do que escrevi anteriormente, confesso que me assusta um pouco me deparar com os meus eus. Mas espero com esse retorno me conectar com o que fui para que assim isso me auxilie no que eu posso ser. Nada vem por acaso, não é mesmo?


"Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas
Atiro a rosa do sonho nas tuas mãos distraídas."
(Mario Quintana)


quinta-feira, maio 17, 2018

Obitando a mente.

Desde sexta-feita (11 de maio) que ao mesmo tempo em que me vi num filme de drama cult também não parei pra sentir a situação. Começo a achar que cada vez que repito que a minha mãe morreu é para o meu próprio convencimento. Ontem, ao acordar, lembrei de tudo o que tinha que fazer e pedi a tal força que todos têm me desejado desde o velório. Falei com Deus, deitei na cama da minha mãe e falei com ela também. Pedi um help para os dois. Aí saí para os afazeres cujo primeiro seria ir ao cartório de registro para registar a certidão de óbito da mamãe. Nem nos meus piores pesadelos eu me imaginei nessa situação, vivendo esse dia. Enquanto caminhava até o cartório fiquei pensando nos filmes de terror que já assisti. 'Todos fichinha', acabei até falando em voz alta (há tempos que os pensamentos saem em voz alta e eu já não me importo se tem alguém olhando). Chego a ousar que dificilmente nesta vida algum filme vai me fazer perder o sono de novo. Tomara que sim porque aí eu estarei perdendo o sono por uma fantasia e não por causa das realidades como tem sido ultimamente. Tá, divaguei. Voltando ao assunto, cheguei no cartório. Peguei a senha, sentei e na falta do que fazer comecei a pensar em várias coisas. Loucura a andança da vida. Sentados estavam casais que iriam casar, mamães com bebês que acabaram de nascer pra registrar e uma ou duas pessoas num mesmo momentinho que eu, tratando de morte. Tudo ali, no mesmo rolê. Minha senha foi chamada e enquanto a funcionária pegava documentos da minha mãe e registrava tudo pensei: 'Olha que coisa, minha mãe já teve certidão de nascimento, certidão de casamento e agora vai ter uma de óbito. Ela vai deixar de ser várias coisas e vai ser só um papel'. Pensei isso porque a funcionária me disse que depois de várias burocracias, na maior parte dos lugares, o único documento que vai interessar é a certidão de óbito dela. Quando obviamente estava começando a chorar (que no meu caso flui naturalmente) fui interrompida por perguntas pessoais da funcionária. Achei da hora porque parei de pensar e pude falar da minha mãe viva. Coisa boa. Até sorri. Uma tarefa finalizada. Uma burocracia a menos e um lugar a menos para ter que 'obitar' oficialmente a minha mãe.

terça-feira, maio 15, 2018

Sobre o pior dia da minha vida

Há tempos que escrevo cada vez mais esporadicamente aqui no meu cantinho. Mas pelo menos, cada vez que voltava, eu até que estava diferente mas a vida parecia a mesma. A última vez em que passei por aqui foi em janeiro do ano passado (2017). Ao voltar sinto um frio na barriga pelo que vou escrever porque ainda custo acreditar. Estou voltando a escrever aqui pra tentar colocar pra fora alguma coisa que diminua a perturbação que está sendo ter perdido a minha mãe.
Desde sábado (12), dia seguinte ao seu falecimento tudo está estranho. A impressão que eu tenho é que tudo caminha menos eu. Sinto-me em rotação lenta. Tento não parar pra pensar pra ver se ando como a vida está andando mas não adianta. Minha mente não acompanha. Ainda não consigo interpretar o que estou sentindo. Poderia dizer que é um vazio mas eu sinto algo. Poderia dizer que é saudade mas eu ainda não acredito que ela foi embora. Então é tudo confuso. Desde ontem tenho lido sobre luto e coisas afins mas não me identifico com nada. Não sei se estou em luto. Acho que não deu tempo. A vida, aquela que minha mãe perdeu, não me dá tempo. Não me dá tempo de processar nada porque ela, a vida não para mesmo. Ao menos para a minha mãe que aparentemente parou. Continuo repetindo, é confuso. Tanto que estou escrevendo sem pensar duas vezes porque tudo o que está saindo do teclado sai sem filtro, sai sem nexo, sai sem freio. Pretendo escrever mais pra quem sabe entender algo. Pra quem sabe entender o que eu sinto se é que sinto. Pretendo escrever pra colocar pra fora porque até o exato momento ainda não consegui falar com sinceridade pra ninguém a respeito do que estou sentindo. A vida, aquela que minha mãe perdeu, também não me deu essa oportunidade ainda. Por enquanto eu tenho que ser forte. É só o que eu ouço. Parece que é o que tenho que ser. A vida segue já eu não sei.

sábado, janeiro 28, 2017

Quão fundo?

Uma pessoa muito especial pra mim disse-me hoje:
— Se você soubesse o buraco em que estou.

E eu queria ter as palavras certas ou toda e qualquer ferramenta que pudesse tirá-lo do buraco onde ele está. Contudo, o que aconteceu foi uma mudez física e um barulho mental de ensurdecer. 
Há semanas, mais especificamente 2 semanas, tenho me deparado com pessoas e seus buracos. Penso que pessoas com buracos são unânimes. Não acho que seja uma regra mas sim a maior parte. Buracos de todos os tipos: financeiros, psicológicos, físicos. Pequenos e grandes buracos. Algumas me dizem diretamente outras apenas demostram a existência deles com atitudes. Em um desses encontros não planejados o buraco que a mim foi retratado era tão fundo que quase me puxou para dentro dele. Foi como se eu tivesse vendo a parte mais escura dentro deste buraco e ele quisesse me dizer algo. 
Não sei ao certo se ter um buraco é o problema. Parece-me que descobrir de que tipo ele é e do quão fundo ele está seja algo mais urgente. Buracos são preenchíveis mas é necessário saber com o quê. Passa-me pela cabeça que talvez esse seja o maior erro e motivo de tanto sofrimento. 
Buraco. Não sei se tenho vários ou um bem grande que tem ocupado muito espaço. Infelizmente, ainda não descobri como preencher e nem se será possível. Também não sei há quanto tempo faz parte de mim. Mas faz. E negá-lo não me tornou melhor. 
O buraco alheio que quase me sugou abriu meus olhos. Mostrou lados meus ainda desconhecidos que aparentemente precisava conhecer sozinha. Mostrou partes obscuras dos meus pensamentos mas também me mostrou uma ou outra possibilidade e direito de escolha. Quase todos nós temos ao menos um buraco e ele pode nos sugar ou mostrar algo. Precisamos escolher. Acredito que tenha conseguido entender, acredito que ainda esteja entendendo.

“Quem combate monstruosidades deve cuidar para que não se torne um monstro. 
E se você olhar longamente para um abismo, 
o abismo também olha para dentro de você.” (NIETZSCHE)





*** Lar é onde o meu coração está! ***

quarta-feira, julho 15, 2015

Virando os 30 por entre os dedos...

Da última vez em que estive aqui não habitava o vasto e profundo universo balzaquiano. Contudo, os 29 já me colocavam em estado de agitação e ansiedade. Em fevereiro de 2014, escrevera sobre saudade e não foram necessários nem dois anos para que essa saudade cessasse (pode ler pela primeira vez ou de novo bem aqui). Seria a tão falada maturidade?
É difícil definirmos o status de maturidade a nós mesmos. Como sabermos se evoluímos mesmo ou não, se deixamos mesmo de ver as coisas da mesma forma ou se é só um momento. A única coisa que temos é a sensação. Durante uma conversa com uma amiga ainda este mês, entre pizzas e vinhos, falamos acerca de crescimento e ambas concordamos que após os tais 30 nos tornamos mais reservadas. A vontade de contar algo a alguém, a ansiedade por tornar público todo tipo de conquista ou alegria, o que buscamos nos relacionamentos, o que sentimentos; tudo isso agora fica mais dentro de nós, é bem mais difícil querer botar pra fora. Há também a dificuldade de encontrar alguém compatível para entender o que passamos, inclusive.
Então percebi que no lugar da saudade e de uma nostalgia um tanto quanto precoce entrou a profundidade da reserva pessoal, reserva dos sentimentos. Momento propício para que eu me conheça mais, entenda melhor cada passo que foi dado e cada um que virá a seguir. O que me acrescenta e o que eu posso jogar fora, o que já foi bom mas agora machuca, enfim, o que vale a pena. 
A conclusão deixou-me feliz por demais. Menos insegurança, mais aprendizado e com isso, mais vida. A era de balzac, ao contrário do que dizem, só me tem trazido luz.

"(...)São fortes as mulheres de 30. E não têm pressa pra nada. Sabem aonde vão chegar. E sempre chegam.
Chegam lá atrás, no Balzac: 'A mulher de 30 anos satisfaz tudo'. 
Ponto. Pra elas." Mario Prata